O texto da Bíblia Hebraica foi originalmente escrito por Moisés, pelos profetas, e por outros “… homens santos de Deus” (II Pe. 1:21). Antes desses Escritos originais (Autógrafos) terem se perdido através do tempo, Deus preservou a sua Palavra através de cópias fiéis (Apógrafos) feitas pelos escribas. Essas cópias foram depois padronizadas por Esdras juntamente com os Homens da Grande Sinagoga, endossadas por nosso Senhor Jesus Cristo e Seus Apóstolos, e a pureza textual preservada por cópias feitas com cuidado meticuloso por judeus escribas massoretas. Estes escribas introduziram os símbolos jota e til de vogalização nas cópias do Velho Testamento para passar adiante o texto com precisão. Jesus Cristo disse “… nem um jota ou til jamais passará da lei,…” (Mt. 5.18).
Velho Testamento em Hebraico
Afirmamos nossa fé nos Apógrafos dos livros do Velho Testamento, posteriormente compilado por Jacó ben Chaim (Jacó ben Chaim ben Isaque ibn Adonias ) a partir do texto massorético hebraico, e que depois foi revisado, impresso e publicado por Daniel Bomberg com o nome de Segunda Grande Bíblia Rabínica.
Deus assegurou de várias maneiras a preservação de Sua Palavra: a) a profunda reverência dos judeus pelas Santas Escrituras; b) tanto na Tenda do Arraial no período das peregrinações do povo de Israel, como no Templo de Salomão (Santo dos Santos), os rolos ficavam fora do alcance de mãos perturbadoras sob constante vigília; c) a pureza do texto ficou garantida pelo zelo dos escribas no período pré e pós massorético; d).
A supervisão feita pelos profetas detectaria rapidamente um eventual erro na transcrição; e) os judeus repetiam constantemente suas Escrituras (Dt. 6:6-9), e qualquer alteração de palavra seria imediatamente notada; f) o texto padrão do Velho Testamento citado de forma resoluta como Palavra de Deus por Jesus Cristo e seus Apóstolos é um selo incontestável de autenticidade e confiança. Este texto é o mesmo texto traduzido pela equivalência formal por Almeida e demais tradutores da Reforma, deixando claro que Deus tem preservado de maneira maravilhosa o texto do Velho Testamento. Quando o Velho Testamento é lido de acordo com a Segunda Grande Bíblia Rabínica, impressa por Daniel Bomberg, podemos crer que estamos lendo e ouvindo a Palavra de Deus, e seguramente também dizer: “Assim diz o SENHOR”.
Novo Testamento em Grego
Semelhantemente ao Velho Testamento, afirmamos nossa fé nos Apógrafos dos livros do Novo Testamento (NT) em grego copiados em Antioquia pela igreja primitiva cristã (At 11:26), e que deram origem aos Textos Bizantinos, ou Textus Receptus (TR). Portanto, a tradução mais exata do Novo Testamento Grego para as principais línguas do mundo é a tradução feita pelo método de tradução de equivalência formal feita a partir do Textus Receptus.
Os apóstolos, com exceção de Paulo, receberam os ensinos de Jesus ao andar e ministrar com Ele durante três anos e meio. Inspirados pelo Espírito Santo (II Tm. 3:16), eles escreveram a história e os ensinamentos de Jesus quando Ele ainda estava aqui na Terra, conforme registrado nos quatro evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João. O Apóstolo Lucas, além de seu evangelho, escreveu também Atos dos Apóstolos, que narra sobre as primeiras igrejas cristãs. Os Apóstolos escreveram epístolas para igrejas específicas e ao povo das igrejas em geral e seus respectivos líderes, ordenando que fossem enviadas e lidas nas igrejas (I Ts. 5:27). Em II Co. 2:17, o Apóstolo Paulo alertou sobre a falsificação da “Palavra de Deus”. O Espírito Santo, antevendo os fatos inspirou homens escolhidos, fazendo-os escrever o que era exato e infalível.
Após a ressurreição e ascensão de Jesus aos Céus, os seguidores de Jesus devido à perseguição sofrida em Jerusalém fugiram para Bizâncio, região do Império Bizantino, agora o novo centro do cristianismo. A partir dos originais escritos pelos apóstolos e discípulos de Jesus (Autógrafos), surgiram no Império Bizantino as primeiras cópias manuscritas do Novo Testamento em grego (Apógrafos), escritas em vários textos separados, chamados “Manuscritos Bizantinos”. O Textus Receptus foi compilado a partir desses Manuscritos Bizantinos por vários editores do século XVI, entre eles, Erasmo, Estefano e Beza.
Copiado Mecanicamente
A invenção da prensa mecânica por Gutenberg em 1440 permitiu a reprodução de texto de maneira rápida, em maior número de copias, preços mais acessíveis, e a publicação dos livros do NT num único volume. A imprensa também foi valorizada por judeus portugueses e, em 1487 surge o primeiro livro impresso em Faro – Portugal, o Pentateuco hebraico de Samuel Gacon, e em 1491, o de Onkelos em Lisboa.
Erasmo – Textus Receptus (TR)
Desidério Erasmo (c.1466-1536), conhecido como Erasmo de Roterdã, filósofo, teólogo e professor começou em 1505 em Oxford a compilação dos Textos Bizantinos em Grego do NT, conhecido como Textus Receptus, e deu início a sua própria tradução deste NT grego para o latim. Em 1516, Erasmo publicou esta compilação e tradução do NT para o latim (páginas da esquerda em grego e da direita em latim), surgindo assim o primeiro NT impresso em grego e uma versão “fiel” do NT agora disponível em latim, pois existiam versões falhas e por vezes tendenciosas de edições em latim naquela época, em especial a Vulgata Latina de Jerônimo, baseada no Texto Alexandrino de Origines. Erasmo publicou outras quatro edições de seu trabalho: 1519, 1522, 1527 e 1535. Após a sua morte em 1536, a Igreja Católica colocou as edições de Erasmo em sua lista proibida de publicações.
Chaim-Bomberg Texto Massorético
Devido à perseguição em grande parte da Europa, muitos judeus na época medieval migraram para Portugal e Espanha, região que seria o centro mundial do judaísmo no final do séc. XV. Com esta presença judaica, a região também se tornaria protagonista no uso da prensa mecânica para os “Incunábulos”, primeiras impressões realizadas na Península Ibérica.
Após a expulsão imposta aos judeus pela Espanha e por Portugal no final do séc XV, muitos judeus ibéricos, chamados de judeus serfaditas foram para o norte da Itália levando com eles os Textos Massoréticos que possuíam desde o início da época medieval e todo o conhecimento tipográfico adquirido por judeus impressores que migraram da Itália para a região ibérica em anos anteriores.
E, em 1488 foi impresso o Texto Massorético por Gershom Soncino, da família de impressores judeus serfaditas ativos na Itália, texto que mais tarde foi usado por Lutero.
A invenção da imprensa também permitiu que o Texto Massorético Hebraico do judeu serfadita Jacó ben Chaim, copiados cuidadosamente à mão há séculos pelos judeus massoretas, fosse também impresso e publicado em Veneza em 1524 por Daniel Bomberg, versão conhecida como a “Segunda Grande Bíblia Rabínica”, ou “Segunda Edição de Bomberg”, sendo a única recensão massorética autorizada e o padrão para a Bíblia Hebraica.
A Bíblia de Ferrara em ladino, outra tradução sefardita, apareceu pela primeira vez no séc. XVI e reimpressa no século XVII, ajudou indiretamente as traduções em espanhol (Reina Valera), em inglês (KJV), e em português (Almeida), já que Almeida havia também lido a Reina Valera. Portanto, historicamente podemos dizer que devemos muito aos judeus sefarditas, pois na época da Reforma, o Antigo Testamento veio basicamente dos judeus Ibéricos – os judeus sefarditas.
Bíblia em Vários Idiomas
A Bíblia foi traduzida em diversas línguas e o Evangelho de Jesus Cristo alcançou rapidamente não só o mundo antigo, como o recém-descoberto “mundo novo”. O Texto Massorético Hebraico Sefardita do Velho Testamento e o Texto Bizantino Grego do Novo Testamento, chamado de Textus Receptus, Tradicional ou Majoritário foram fundamentais para todas as traduções da Bíblia na época da Reforma, como a Versão Autorizada, também chamada de King James Version em inglês, a Statenvertaling em holandês, a Reina em espanhol e sua revisão Valera, a Almeida em português, e as traduções de outras importantes línguas da época usaram o Texto Massorético Hebraico sefardita editado por Jacob ben Chaim em 1524 e 1525.
Sumário
O nome de João Ferreira Annes de Almeida está intimamente ligado à Bíblia. Ele é o tradutor da Bíblia mais apreciada e usada em português.
Novo Testamento e Velho Testamento em Português
A primeira versão em português do Novo Testamento de Almeida foi traduzida a partir do Textus Receptus e publicada em Amsterdã em 1681. Já o Velho Testamento foi traduzido em português a partir do Texto Massorético Hebraico até Ezequiel 48:21. O volume I do Velho Testamento em português continha os livros de Genesis a Ester e foi impresso em 1748. O holandês Jacobus op den Akker finalizou a tradução de Almeida e, em 1753, o volume II foi publicado. As traduções do Velho e do Novo Testamento de Almeida foram feitas pelo método de tradução de equivalência formal. Em 1819 foi publicada pela primeira vez a Bíblia completa de João Ferreira de Almeida contendo o Velho e o Novo Testamento.
Trinitarian Bible Society (TBS)
A Trinitarian Bible Society foi fundada em Londres em 1831 com o propósito de publicar e distribuir mundialmente as Sagradas Escrituras em várias línguas através de traduções precisas e confiáveis do Texto Massorético Hebraico do Velho Testamento e do Textus Receptus do Novo Testamento Grego.
O Rev. Inglês Thomas Boys, grande hebraísta e professor iniciou em 1837 na Trinitariana a primeira revisão da Bíblia em português, finalizada em 1839 e chamada de “Versão Revista e Reformada”, tornando-se esta uma parte da Versão Correcta. Já a revisão completa do Velho Testamento terminou em 1844, e o último volume impresso em 1847. Já a versão Revista e Reformada fez parte de um conjunto de várias revisões ortográficas usadas até a versão conhecida como “Corrigida”. Na Primeira impressão da tradução de Almeida pela TBS, ficou a expressão “Segundo o original”, ou “Fiel aos textos Originais”.
Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil (SBTB)
Em 1968 foi fundada em São Paulo a Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil com o objetivo de revisar e publicar com as devidas correções ortográficas a Bíblia de João Ferreira de Almeida, edição usada como mais um instrumento nas mãos de Deus para a preservação da Sua Palavra.
A Bíblia de Almeida recebeu mais de treze revisões até 1994, algumas superficiais, outras profundas, e algumas ligeiras correções de palavras ou frases. Essas versões foram chamadas de “Revista e Emendada”, “Revista e Reformada”, “Revista e Correcta” e “Revista e Corrigida”. Ainda em 1994, a SBTB anunciou a publicação da Bíblia Corrigida e Revisada, revisão que levou mais de vinte anos, preparada por pessoas com a mesma convicção do tradutor João Ferreira de Almeida. A SBTB utiliza em sua tradução do Velho Testamento o Texto Massorético Hebraico de Jacó ben Chaim e no Novo Testamento o Texto Receptus, sempre utilizando a tradução por equivalência formal, também usada por João Ferreira de Almeida e pelos grandes editores da Reforma. Neste método de tradução, cada palavra é traduzida com um mínimo de palavras de transição para garantir a fluência da leitura em português.
Os editores da Almeida Corrigida e Revisada, Fiel ao Texto Original, conhecida por Almeida, Corrigida, Fiel (ACF) da Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil tem oferecido uma Bíblia com base textual fiel e histórica por excelência ao povo brasileiro.
Autor: Peter Issar