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Cabala Judaica

Hoje vamos mergulhar num tema fascinante: a cabala judaica. Sabem aquela sensação de descobrir um tesouro escondido? É assim que me sinto ao falar sobre este assunto tão rico e misterioso. A cabala tem uma grande influência no misticismo judaico e na evolução espiritual de muita gente. É como um mapa secreto para entender os mistérios da vida e do universo.

Neste guia, vamos explorar juntos o que é realmente a cabala judaica e dar uma olhada nos seus textos sagrados, como o Zohar e o Sefer Yetzirah. Vamos também descobrir os princípios fundamentais desta tradição antiga, incluindo conceitos como as sefirot e a Árvore da Vida. Quer sejam iniciantes curiosos ou estudantes mais avançados, prometo que vão encontrar algo novo e interessante para refletir e aplicar nas vossas vidas.

O que é a Cabala Judaica?

A cabala judaica é um conjunto fascinante de ensinamentos místicos que tem as suas raízes no judaísmo. Vamos explorar juntos os aspectos fundamentais desta tradição milenar.

Definição e significado

A palavra “cabala” em hebraico significa “receber” ou “recebimento”. Esta definição é fundamental para entender a essência desta tradição mística. A cabala não é uma religião separada, nem é simplesmente um sistema de autoajuda ou uma prática de adivinhação. É, na verdade, um método para compreender os mistérios do universo e a nossa relação com o divino.

A cabala procura explicar a relação entre o Ein Sof (o Deus infinito e imutável) e o universo finito que conhecemos. É uma busca para desvendar os segredos ocultos na Torá, o texto sagrado judaico, e para compreender a natureza da existência.

Os cabalistas acreditam que há significados profundos escondidos nas letras e palavras da Torá. Eles usam métodos únicos de interpretação, incluindo a guematria (numerologia hebraica), para descobrir esses significados ocultos. Por exemplo, atribuem valores numéricos às letras hebraicas para revelar conexões entre palavras e conceitos aparentemente não relacionados.

Origens históricas

As origens da cabala são tão antigas quanto misteriosas. Alguns cabalistas afirmam que os seus ensinamentos remontam aos tempos bíblicos, passados oralmente de geração em geração. No entanto, os primeiros textos cabalísticos conhecidos surgiram por volta do século I.

O desenvolvimento da cabala como a conhecemos hoje começou realmente na Idade Média. Um marco importante foi a publicação do Zohar (Livro do Esplendor) no século XIII por Moisés de León. Este texto tornou-se fundamental para o estudo da cabala, apresentando ideias complexas sobre a natureza de Deus e do universo.

Outro texto crucial é o Sefer Yetzirah (Livro da Criação), que introduziu o conceito das sefirot – as dez emanações divinas que formam a base da criação. Este livro teve uma grande influência no desenvolvimento do pensamento cabalístico.

Principais conceitos

Um dos conceitos centrais da cabala é a ideia das sefirot, mencionadas anteriormente. Estas são representadas na Árvore da Vida, um diagrama que ilustra as diferentes manifestações da energia divina no universo.

A cabala também ensina sobre os quatro mundos ou níveis de existência, desde o mais espiritual até o mais físico. Estes níveis ajudam a explicar como a energia divina flui do Ein Sof para o nosso mundo material.

Um aspecto interessante da cabala é a sua visão sobre a criação do universo. A cabala luriânica, desenvolvida pelo rabino Isaac Luria no século XVI, apresenta uma teoria que lembra o Big Bang moderno. Segundo esta ideia, o Ein Sof contraiu-se para criar um espaço vazio onde o universo pudesse existir.

Apesar da sua complexidade, o objetivo final da cabala é simples: ajudar-nos a compreender o nosso lugar no universo e a nossa relação com o divino. É um caminho de autoaperfeiçoamento e evolução espiritual, que nos convida a explorar os mistérios mais profundos da existência.

Os Textos Sagrados da Cabala

O Zohar

O Zohar, ou “Livro do Esplendor”, é considerado a obra-prima da literatura cabalística. Apareceu na Espanha no final do século XIII e rapidamente se tornou o texto mais importante da cabala judaica. Escrito principalmente em aramaico, o Zohar apresenta-se como uma longa novela onde grandes rabinos do século II discutem e explicam os segredos da Torá e de outros livros das Escrituras Sagradas.

A figura central do Zohar é o Rabino Shimon bar Yochai, um dos maiores santos da história do judaísmo. Segundo a tradição, ele recebeu revelações divinas enquanto estava escondido numa caverna por 13 anos, fugindo da perseguição romana. Durante esse período, diz-se que o profeta Elias o visitava diariamente para estudar com ele.

O Zohar tem uma grande influência no misticismo judaico e é considerado por muitos como um patrimônio da humanidade, comparável a obras como o Corpus Hermeticum e os textos do neoplatonismo. Sua importância é tal que se integrou profundamente na história do povo judeu, tornando-se a referência máxima para os estudos cabalistas.

Sefer Yetzirah

O Sefer Yetzirah, ou “Livro da Formação”, é um dos textos mais antigos e fundamentais da cabala judaica. Acredita-se que tenha sido elaborado entre o terceiro e o sexto século, representando uma fase inicial da mística judaica.

Este livro curto e enigmático trata principalmente da cosmogonia e da cosmologia, explicando como Deus criou o universo usando as 22 letras do alfabeto hebraico e os dez números primordiais, chamados de sefirot. É neste texto que o termo “sefira” aparece pela primeira vez, embora ainda não com o significado completo que assumirá na cabala posterior.

O Sefer Yetzirah divide-se em seis capítulos, nos quais explora a criação do universo através de 32 caminhos de sabedoria: as dez sefirot e as 22 letras do alfabeto hebraico. O livro apresenta uma visão única da criação, onde as letras e os números são vistos como instrumentos divinos para formar toda a realidade.

Outros textos importantes

Além do Zohar e do Sefer Yetzirah, existem outros textos importantes na tradição cabalística. Um deles é o Sefer ha-Bahir, ou “Livro da Iluminação”, que apareceu no final do século XII. Este livro representa uma fase intermediária no desenvolvimento do pensamento cabalístico, fazendo a ponte entre a mística antiga e a cabala medieval plenamente desenvolvida.

O Bahir é atribuído a um cabalista chamado Nechunia ben Hacaná, do século I, embora sua autoria real seja incerta. O livro apresenta-se como um diálogo entre mestre e discípulo, explorando o significado profundo de versículos bíblicos e os mistérios das letras hebraicas.

Outro texto fundamental é a Torá, que, embora não seja exclusivamente um texto cabalístico, é considerada pelos cabalistas como contendo ensinamentos ocultos codificados em seu texto. A interpretação desses segredos é um dos principais objetivos da cabala.

Os cabalistas desenvolveram métodos complexos de interpretação da Torá, incluindo a guematria, que atribui valores numéricos às letras hebraicas para revelar significados ocultos. Eles também dividem a interpretação da Torá em quatro níveis de profundidade, conhecidos como PaRDeS: Peshat (sentido literal), Remez (sentido alegórico), Derash (sentido comparativo) e Sod (sentido secreto).

Estes textos sagrados formam a base do estudo e da prática da cabala judaica, oferecendo uma rica tradição de sabedoria mística que continua a influenciar o pensamento judaico e além.

Princípios Fundamentais da Cabala

A cabala judaica é um sistema complexo de pensamento místico que se baseia em vários princípios fundamentais. Estes princípios formam a base para a compreensão da natureza de Deus, do universo e do papel da humanidade na criação.

As Sefirot

As sefirot são um conceito central na cabala judaica. Elas representam as dez emanações divinas através das quais Deus criou e sustenta o universo. Cada sefirá é um modo ou poder específico através do qual Deus governa e mantém o universo [1]. As sefirot podem ser vistas como atributos ou qualidades divinas, ou ainda como “vestimentas” de Deus.

As dez sefirot são: Keter (Coroa), Chochmá (Sabedoria), Biná (Entendimento), Da’at (Conhecimento), Chessed (Graça), Guevurá (Poder), Tiferet (Beleza), Netzach (Vitória), Hod (Esplendor) e Malchut (Reino). Cada uma destas sefirot tem um significado profundo e complexo na compreensão cabalística da realidade.

As sefirot são frequentemente representadas em uma configuração conhecida como a Árvore da Vida. Esta representação gráfica ajuda a visualizar as relações entre as diferentes sefirot e como a energia divina flui através delas.

Os Quatro Mundos

Outro princípio fundamental da cabala é o conceito dos Quatro Mundos. Estes mundos representam diferentes níveis de realidade espiritual, cada um com seu próprio grau de manifestação divina. Os Quatro Mundos são:

  1. Atzilut (Emanação): O mundo mais elevado e próximo do divino.
  2. Beriyá (Criação): O mundo da criação pura.
  3. Yetzirá (Formação): O mundo onde as formas começam a tomar forma.
  4. Assiyá (Ação): O mundo físico em que vivemos.

Cada mundo tem sua própria manifestação das dez sefirot, criando uma estrutura complexa de realidades interconectadas. É importante notar que estes mundos não são lugares físicos, mas estados de consciência e níveis de realidade espiritual.

O conceito de Ein Sof

Ein Sof é um conceito fundamental na cabala judaica que se refere a Deus em sua forma mais transcendente e incompreensível. Ein Sof significa literalmente “sem fim” ou “infinito” em hebraico. Este conceito representa Deus antes de qualquer auto-manifestação na produção de qualquer reino espiritual.

Ein Sof é visto como a origem do Ohr Ein Sof, a “Luz Infinita” do paradoxal autoconhecimento divino. É a partir do Ein Sof que toda a criação emana, incluindo as sefirot e os Quatro Mundos.

O conceito de Ein Sof é crucial para entender a visão cabalística da criação. Segundo a cabala, para que o universo pudesse existir como uma entidade independente, Deus teve que se “ocultar” e se “retrair”, um processo conhecido como tzimtzum. Este ato de auto-limitação divina criou um “espaço vazio” no qual o universo poderia existir.

Estes princípios fundamentais – as sefirot, os Quatro Mundos e o Ein Sof – formam a base do pensamento cabalístico. Eles oferecem uma estrutura para compreender a natureza de Deus, a criação do universo e o papel da humanidade neste processo cósmico. Através do estudo e da meditação sobre estes princípios, os cabalistas buscam uma compreensão mais profunda da realidade e uma conexão mais íntima com o divino.

A cabala ensina que, através da compreensão destes princípios e da prática de técnicas espirituais específicas, é possível para o ser humano ascender através dos níveis espirituais, refinando sua consciência e se aproximando do divino. Este processo de ascensão espiritual é visto como o propósito último da existência humana na visão cabalística do mundo.

Conclusão

A exploração da cabala judaica revela um mundo rico em sabedoria mística e significado profundo. Este guia ofereceu uma visão geral dos principais aspectos desta tradição, desde os seus textos sagrados até os seus princípios fundamentais. A cabala tem uma influência significativa no pensamento judaico e continua a inspirar buscadores espirituais em todo o mundo.

Para quem se interessa por este tema fascinante, há muito mais a descobrir. O estudo da cabala pode ser um caminho para aprofundar a compreensão espiritual e encontrar novas perspectivas sobre a vida e o universo. Embora complexa, a cabala oferece insights valiosos para refletir e aplicar no dia a dia, convidando-nos a explorar os mistérios da existência e a nossa conexão com Deus.

## Referências [1] – https://www.morasha.com.br/misticismo/sefirot-as-dez-emanacoes-divinas.html

Publicado em:Artigos

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